“O Agridoce representa a nossa vontade de se aventurar em universos musicais distintos do nosso trabalho já conhecido. Explorar novas texturas, novas formas de compor, em instrumentos diferentes para nós. Começou de forma despretensiosa, e isso é algo que a gente pretende manter.” – Pitty e Martin.
Eu fui uma criança que cresceu ouvindo Pitty e não Kelly Key... Enquanto muitos estavam no "não quero mais brincar, brincar de adoleta...♪", eu estava gritando Memórias, Anacrônico, Dejà Vú, Teto de Vidro, I Wanna Be e por aí vai... Acho que de alguma forma isso me direcionou para outros lados na minha vida, porque música, tv, internet (não tão em alta na época), influenciam - e muito a vida de uma criança. Quem só ouve música por ouvir não entende a complexidade da sua conspeção, por exemplo:
A faixa de entrada "Teto de Vidro" [do CD Admirável Chip Novo - 2003] trata do sistema capitalista e da curiosidade de pessoas sobre a vida de outras. "Admirável Chip Novo", "Máscara", "I Wanna Be" e "Só de Passagem" mostram a falsidade e comportamentos baixos da sociedade. "O Lobo", volta à pré-história para criticar a guerra e o ódio como características humanas e em seu refrão repete diversas vezes a célebre frase "O homem é o lobo do homem", uma clara referência ao filósofo inglês Thomas Hobbes. As outras composições tratam de amor, vida e ordinárias ações e decisões, o que mostra mais uma característica de Pitty, que é a de compor músicas com conteúdo relevante, geralmente de crítica e/ou insatisfação.
Poucas pessoas sabem dessas conspeções e eu fui me deparar com elas com 9/10 anos sabe? Santa música boa que ensina em vez de emburrecer! Mas enfim, quem conhece a Pitty de Atualmente sabe que muitas águas passaram e que ela não é mais a jovem de Anacrônico...
O quão diferente pode ser "Dançando" de "Memórias"? A sua música mudou, acredito eu para um plano mais metafísico e imediatista, mas sem perder a postura engajada. "Eu prefiro o agora ♪". Porém é preciso ressaltar que o projeto paralelo de Pitty e Martin é algo diferente do que eles fazem normalmente, com uma pegada mais folk... “Seria interessante que as pessoas exercitassem um desprendimento de tudo o que elas acham que sabem sobre nós na hora de escutar esse projeto” –destacam Pitty e Martin. J
Já em 2010 o álbum "Chiaroscuro" ainda que tenha o rock como estilo predominante, há diversas influências como soul, tango, bolero e até um pouco de música erudita. Observe o contraste de "Mascaras" com o som de "Desconstruindo Amélia" (música com postura feminista critica etc...).
"Agridoce é um projeto novo, que surgiu por acaso, nos dias de folga. Pitty foi para o piano e Martin para o violão. Tocando na quietude da sala de casa, despretensiosamente, versando com a leveza nos horários de lazer, as canções foram se formando, ganhando vida.
As letras falam do cotidiano, de envelhecer, de encontros e desencontros; sempre sob uma ótica melancólica e reflexiva. Contrastam com o som, mais leve, mais acústico. Tudo ficou agridoce, resultado de “se reconhecer”, como em um espelho: refletindo semelhanças e apontando as particularidades de quem está se enxergando através do “outro”. A intimidade do duo, que já convive há 7 anos, está presente o tempo todo; nas composições, na música, na performance ao vivo." [1]
Hoje não sei como classificar o som, mas acredito que a proposta seja desenvolver canções intimistas e explorar experimentalismos tendo piano e violão como base.” – diz Martin.
As vezes é preciso quebrar os padrões de toda uma vida e se aventurar. Foi o que a Pitty fez! Se liberte um pouco e simplesmente ouça! O sonzinho é "caseiro" e intimista, o piano e o violão acústicos dão um que de "musiquinhas com os amigos", não é porque é diferente que tem de ser ruim, não é mesmo? Os fãs sabem, mas vale a pensa ressaltar, a Pitty está sempre lançando os discos em LP (vinil), meio vintage, mas o som é incomparável... Compre aqui a edição especial com discos laranja! Atualmente esse é meu sonho de consumo, herdei do meu pai a arte de colecionar "velharias", fazer o que.... Alguém se habilita a me fazer feliz?
Pityy *--*
ResponderExcluiradoorei seu blog, seguindo.
http://loveyourhope.blogspot.com.br/
E ela não é ótima?
ExcluirObrigada por seguir Alen :)
Adorei seus textos!
Quando parei pra ouvir Agridoce, me assustei com a diferença do rock da Pitty. Mas as músicas tem letras e ainda assim são críticas, suaves, mas críticas. Algumas eu gosto, outras não. Contudo, vale a pena perceber a versatilidade de Pitty. Trabalhos tão diferentes, denotam o talento da cantora. Por fim, ainda prefiro as velhas canções revoltosas.
ResponderExcluirIdem, não que sejam revoltosas mas rock é rock, a Pitty mudou até no seu disco novo Chiaroscuro [soul, tango e bolero?-q], não só no projeto paralelo. Não é mais a pegada de "Memórias", mas é bom ver coisas novas. Claro que da uma saudadezinha, né?
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